Somos um inimigo em potencial só por termos nascido negros: Dexter, rapper brasileiro

Texto: Gabriela Moncau y Júlio Delmanto Fotos: Gabriela Moncau

«Como vai seu mundo» de Dexter (5’54»):[podcast]http://desinformemonos.org.mx/Audios/dexter.mp3[/podcast]

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São Paulo, Brasil. “É o que eu falo pra vocês: o rap salva”. Durante as horas que passou conversando com a gente em Campinas, São Paulo, Marcos Fernandes de Omena repetiu diversas vezes esta frase. De fato, o rap é fundamental nos 37 anos de vida de Marcos, cerca de um terço deles vividos atrás das grades. Ouvindo Racionais MC’s conheceu a política, o movimento negro, teve orgulho de sua cor e disposição de lutar pelo respeito a ela.

O Racionais MC’s, principal grupo de rap do Brasil, surgiu no final dos anos 1980 na periferia de São Paulo, trazendo um discurso agressivo contra a opressão às populações marginalizadas. Quem conhece um pouco de hip hop no Brasil certamente tem referência nos nomes de Ice Blue, KL Jay, Edi Rock e Mano Brown. Não por acaso, o grupo foi a principal influência para Marcos, que pouco tempo depois de se envolver com a música, adotou seu “nome de guerra”, pelo qual todos o conhecem: Dexter.

Atrás de dinheiro para uma gravação, Dexter buscou “meios não convencionais” e acabou preso. Já havia cumprido o período de pena que lhe permitiria progredir para outro regime que não o fechado mas, sem saber desse direito, aproveitou a primeira oportunidade que teve para fugir. Em quatro dias participou de cinco assaltos e um homicídio. Voltou condenado a 38 anos de cadeia. Primeiro no grupo 509-E (número da cela que ocupava com o cantor Afro-X no Carandiru) depois em carreira solo, seguiu compondo e gravando, se tornando um dos principais nomes do rap nacional. Em 2009 lançou o disco Dexter e convidados – ao vivo, com participações de grandes nomes do hip hop brasileiro.

Atualmente em regime semi-aberto, trabalha durante o dia numa loja de roupas e discos em Campinas, onde também recebe seus amigos e parceiros de rap. Às 18h tem que estar de volta à Hortolândia, para dormir na prisão. Entre trabalho na loja e diversas chamadas no celular, lapida letras e músicas para um novo disco a ser lançado ano que vem, além de planejar escrever um livro. Conversou conosco sobre sua trajetória, suas posições políticas e o atual cenário da música brasileira.

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